Retruque - Quando tamanho é documento
Texto escrito em resposta às manifestações ofensivas ao Grêmio, por parte do Des. Aquino e Roberto Siegman.
Certamente quase trinta anos - para não se falar em quase cem de solidão - de obscurantismo e anonimato encurtaram as idéias de alguns, por tanto esquecimento de todos - isto sem falar nos cabelos, que, às vezes, se vão. Boas maneiras se aprende em casa, e destas tive na dedicação do meu pai e da minha mãe - pessoas modestas, ele ferroviário, ela costureira - a recepção de berço. Mas foi na vida escolar, patrocinada também pelos meus pais, que aprendi as primeiras grandes lições. Provido de uma estatura elevada, e proporcionalmente, à época, ainda mais saliente, pois precoce, do que hoje, perfilava-me entre os últimos alunos para subir às salas de aulas do meu querido Pão dos Pobres. A fila se alongava até chegar aos primeiros, estes de estaturas pequenas. E nós, os grandões lá de trás, subíamos as escadarias do colégio humilhando-os com piadinhas vexatórias e brincadeiras que então achávamos de bom gosto. Ledo engano. Percebendo a grosseria que cometia-mos o Irmão Eloi, de nascimento Jeronimo Brandelero, certo dia gastou sua manhã de disposição para nos contar a vida de um ilustre Brasileiro: Rui Barbosa. Assistimos extasiados as façanhas daquele ilustre homem da nossa pátria. Quando a aula se aproximava do fim nossos corações de meninos batiam aceleradamente em sonho para quem sabe, um dia, termos a pretensão de batermos nos pés daquele gênio nacional. Antes da sineta tocar, contudo, o Irmão Eloi escreveu no quadro negro a altura do baixinho Rui Barbosa. Morremos de vergonha. E eu ali aprendi que TAMANHO NÃO É DOCUMENTO. Pausa aqui.
O nosso Grêmio conquistou a Rua, o Bairro, a Cidade - da qual carrega orgulhosamente o nome - o Estado, o País, a América e o Mundo. Não lembro de algum campeonato que o nosso Grêmio tenha participado sem que o tenha conquistado, até na 2a divisão, sim senhor. Talvez o único não alcançado tenha sido a SUPERCOPA, mas até a inventada COPA SUL parou nas nossas mãos. Inventaram um SUPERCAMPEONATO BRASILEIRO, e pá, fomos lá como Campeões da Copa do Brasil e tomamos conta dele. Não repetiram mais esta conquista única, que na criação sugeria que fosse parar nas mãos do então todo Poderoso Campeão Brasileiro o Vasco do Grande Eurico que iria levar logo a Libertadores. Roubamos a festa. Na Holanda inventaram um torneio da grande Philips. Fomos convidados duas vezes. Ganhamos as duas e nunca mais nos chamaram. E sempre de forma pioneira, em relação ao seu arqui rival. Na ocasião enquanto empilhávamos torneios na Europa, a grande nação vermelha amargava ter que escutar no radinho uma grandiosa excursão pelo Velho Mundo para um enfrentamento contra um time de garçons de uma grande empresa de lá, OLD HAN - para quem não sabe, PRESUNTO VELHO. Até na fundação: nascemos primeiro. E mais do que isto, bem mais do que isto, o co-irmão, para quem não sabe, nasceu fundado por um grupo de rapazes que foi rejeitado pela hoje denominada Turma da Azenha! A propósito, o clássico se denomina GRE-NAL, e não NAL-GRE. Aqui, senhores, dá para notar que ainda que fugindo à regra, e a exceção sempre é a prova definitiva da regra, TAMANHO É SIM DOCUMENTO !
Talvez advenha destes episódios tanto ódio e inveja que com frequência são despejados por pessoas que ocupam, muitas das vezes, cargos na sociedade cuja importância aconselharia modelo de cautela e sobretudo respeito! Era esperado o dia que o nosso rival crescesse, até porque uma entidade centenária merecia um cenário maior, mais destacado do que aquele distante Campeonato Brasileiro de 1979, o tão propalado campeonato invicto. Lendo, dias destes, o meu fraterno amigo Roberto Siegman - velho freguês de jogos de xadrez nos recreios da faculdade de direito da PUC - em coluna do jornal colorado, flagro ele relembrando times da segunda divisão como o Tuna Luso, entre outros. Esquecido, pelo enorme lapso de tempo decorrido, de que até há pouco o único festejo dos co-irmãos, a invencibilidade de 1979, tinha se dado justamente num campeonato brasileiro em que grandes clubes da pátria deixaram de participar, recusaram-se a participar, por desavenças com o órgão máximo do futebol. E naquele campeonato GRANDES TIMES da PRIMEIRÍSSIMA divisão da pátria valorizaram a conquista colorada. Vamos flagrar a campanha daquele grande título que até há pouco era o único? Então vamos lá:
Atlético/PR 0x0 Internacional
Santa Cruz 1x2 Internacional
Internacional 1x0 Figueirense/SC
Sport 0x3 Internacional
Coritiba 0x3 Internacional
Internacional 1x0 América/RJ
Internacional 5x1 Rio Branco/ES
Internacional 2 x 2 Operário/MT
Internacional 1x0 Goytacaz/RJ
Internacional 3x1 São Paulo/RS
Caldense/MG 1x1 Internacional
Internacional 0x0 Anapolina/GO
Atlético/PR 0x0 Internacional
Internacional 4x0 Desportiva/ES
Inter-SP 0x1 Internacional
Internacional 1x0 Goiás
Uma máquina. Patrolou a Desportiva e o Rio Branco do Espirito Santo. Com alguma dificuldade, é verdade, mas ganhou da Inter de Limeira, Goytacaz e Santa Cruz, e com enorme esforço colheu bons empates com Anapolina e Operário do MT. Aquele campeonato ainda foi abrilhantado pelo Uberlândia, o Comercial, o Guará, o São Bento e o XV de Piracicaba, o Londrina, Uberaba e Campinense, o CSA e a CALDENSE, a Francana, o Dom Bosco, Ceará e o Campo Grande, o grande Leonico, o Americano e o Colorado, o Botafogo da Paraiba, São Paulo de Rio Grande e Caxias, Central, Anapolina e Maringá, Mixto e Itabaiana, o ABC e o SERGIPE, Ferroviário do Ceará, o TUNA LUSO ( alô alô SIEGMAN pensou que eu tinha esquecido é ? ), o Ferroviário do Ceará, o Brasilia, o Moto Clube, Potiguar, River, Confiança, Sampaio Corrêa, Fast e Piaui, Paissandu, Colatina e Tiradentes, Avai, Rio Negro, Chapecoense, enfim, uma série infindável de GRANDES CLUBES num campeonato que São Paulo, Santos e Corinthians entre outros, criminosamente se recusaram a jogar. Com razão o querido amigo SIEGMAN, a febre às vezes acomete grandes homens.
Bem, aproximou-se o dia que todos sabíamos que iria aconter, porque o co-irmão aos trancos e barrancos, é verdade, sempre seguiu os passos do seu modelo - aliás, o site FIFA quando anunciavam a final do mundial, registrou entre outras coisas que o SCI sempre viveu à sombra do seu grande rival, o Grêmio Foot-ball Porto Alegrense. Era chegado o momento de uma Libertadores. Desconhecido mundialmente, e confundido, em Buenos Aires com um time do interior do Paraguai, o co-irmão viu uma rede de TV americana anunciar a grande final tendo na logo do Inter constado o do S C I - de Santa Maria. Que coisa. Veio a final do Mundial e lá no logo do SCI constou o do SÃO PAULO. Foi bonito de ver a delegação no Japão desfilando num ônibus AZUL.
Agora, sem dúvidas, pela competência de seus dirigentes, está nascendo uma visibilidade, nunca dantes navegada! Certamente estes erros de ignorância com o Logo e a Cor do ônibus, se repetirem a façanha, serão evitados.
Cheios de orgulho, merecidos, diga-se de passagem, e como, os amigos de lá enchiam estufadamente os peitos para mostrar o letreiro CAMPEÃO DO MUNDO FIFA. Mas ai veio o inesperado: que MICO gente! Indignado com isto, o Grande Des. Aquino saiu da cova e perdeu a paciência que, pelo cargo que ocupa, tem necessidade imperiosa de ter. E como todo Pelé tem seu dia de João, nos atacou apelativamente. Apelou, sim. Fosse uma conversa de boteco e não partisse de quem partiu, certamente seria mais do que aceitável e compreensível. Partindo de quem partiu, contudo, é inaceitável, inadmissível e somente compreensível pelo encurtamento de idéias ao longo de tanto sofrimento que lhe arrancou, certamente, os últimos dos seus já raros fios de cabelo, tanto quanto esbranquiçou os do Siegman.
Perdoe-nos irmãos. Afinal, é difícil, duro, aceitar a rejeição da fundação, é duro aceitar que estamos em primeiro no Ranking Nacional e à frente no Ranking Conmebol e FIFA dos amigos da Beira Rio.
E é ainda mais duro ter que acessar o site da Conmebol (clique aqui) e lá flagrar que o Campeonato Mundial conquistado pela tal de Turma da Azenha vale o dobro em pontos ( 40 x 20 ) na contagem do Ranking Sul Americano, justamente porque aquela taça que repousa no nosso Memorial já foi tocada por PELÉ, MARADONA, PLATINI, BECKEMBAUER, ZICO, E por aquele holandesinho que inventou o Carrossel, meu Deus do Céu, vai faltar espaço - numa tradição de mais de 30 anos, enquanto que a que está no Beira Rio também consta do Museu Corinthiano que nunca chegou perto de uma Libertadores e recém gatinha em 3 anos de experiência, de ensaio: é duro e difícil comparar gols de Renato Portalupi com Gabiru.
Pena, Aquino, não precisavas ter que ouvir isto que é ruim, sim, é ruim de ouvir ou ler, mas é bem mais respeitoso que aquele teu triste momento, na grosseira e ofensiva mensagem enviada ao Correio do Povo. És, sem dúvida, um grande homem. És, sem dúvida, alguém que, também pela estatura, poderias lembrar o Grande Rui Barbosa, pois és inteligente e tão culto quanto ele, digo sem medo de errar. Mas naquele momento estavas contemplando o Mestre de binóculos. Ao Fernando Carvalho, que se lembrou de nós na festa, o nosso muito obrigado: afinal, palavras dele, quem lhe ensinou o caminho foi o Dr. Fábio Koff. Nós sempre temos uma lição para ensinar.
(Carlos Josias para ducker.com.br, utilizado sob o conhecimento de ducker sobre este blog.)
Um comentário:
intiresno muito, obrigado
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